Todas as tarde a Mariazinha
Uma menina pretinha
Na sua porta sentava
Toda vestida de branco
Sorria um sorriso franco
Pras meninas que passavam
Mas as outras criancinha
Desprezavam a pretinha
E pra ela fazia careta
E quando ela sorria
As outras lhe respondia
Sai pra lá menina preta
A coitada da pretinha
Envergonhada saía
Pra dentro se recolhia
Só pra não ver mais ninguém
E pegava uma bacia
O seu rostinho lavava
Com sabão ela esfregava
Pra ficar branca também
Como não ficava branca
A coitadinha chorava
Lá num canto soluçava
Reclamando a triste sorte
Do seu grande sofrimento
Ficou doente a pretinha
Na sua velha caminha
Morreu sorrindo pra morte
Quando foi no outro dia
O sino triste dobrava
Um cortejo que passava
A mãe preta acompanhando
Um caixão bem pobrezinho
Era o enterro da pretinha
Todas as meninas branquinhas
Acompanhava chorando
E quando chegou ao céu
Na frente de Deus parando
Viu os anjinhos brincando
Lá no pátio da capela
Deus lhe dando duas asas
Tão brancas como um arminho
E chamou todos os anjinhos
E mandou brincar com ela